Nunca entendi o propósito dos livros de autoajuda. Já repararam que esse nome anula finalidade da leitura? Se a ajuda deve vir de nós mesmos, por que precisamos do livro? A minha falta de compreensão do objetivo dessa literatura criou em mim uma barreira que me impede de ler qualquer coisa do gênero.
Acredito na importância da troca e, portanto, toda vez que preciso de auxílio, busco pessoas reais: amigos, parentes, profissionais... Ao conversarmos e compartilharmos pensamentos, ambas as partes do diálogo se beneficiam e crescem em conjunto. É por isso que quando eu consigo superar alguma barreira, não me presenteio com um falso troféu de “autoajuda”. Reconheço que só cheguei aonde cheguei por causa do apoio recebido de fora.
Mas, embora sejam sempre bem vindos os conselhos daqueles que torcem por nós, há determinadas trilhas que devemos traçar sozinhos. Quando minha mãe morreu de câncer, dia 24 de dezembro, percebi que, mesmo que não negasse assistência externa, o maior auxílio para viver esse momento deveria vir de mim mesma.
Cada pessoa tem sua válvula de escape. No meu caso, escrever sempre foi uma deliciosa maneira de pôr meus pensamentos em ordem. Quando minha caneta purpurinada desliza sobre o papel, é como se um novelo todo emaranhado fosse desembolando na minha cabeça; como se a luz do quarto acendesse e eu visse que aquele fantasma não passa da sombra da cortina projetada na parede.
Por isso, desde a véspera do Natal desse ano, eu registro depoimentos pessoais em um caderno só meu. E pela primeira vez a palavra “autoajuda” me pareceu perfeitamente adequada: meu objetivo principal ao escrever isso tudo é me auto ajudar a seguir em frente. Com certeza muito da minha sanidade mental se deve a esse hábito. Em quase um mês de diarista (def. do dicionário Isadora: pessoa escreve diários), aquelas anotações despretensiosas viraram uma pilha gigantesca de histórias, dicas e aprendizados.
A ideia de publica-las já me ocorreu outras vezes, mas como eu acreditava que só era possível solucionar os problemas dos outros depois de eliminar os meus, preferia esperar resolver primeiro as minhas questões, para aí tentar ajudar quem quer que fosse.
Só que nunca chegou o dia do fim total dos meus problemas; quando eu me livro de um, logo aparece outro. Diante dessa “persistência problemática” eu decidi não esperar que uma avalanche de folhas de rascunho caísse sobre a minha cabeça e resolvi unir o útil ao agradável, publicando tudo em um blog.
Aqui exponho desde pensamentos íntimos a acontecimentos corriqueiros, na esperança de poder te ajudar também a viver perto e longe daquela pessoa querida que está com câncer. Não espero que você siga à risca os meus conselhos e sim que, a partir deles, busque sua própria maneira de se auto ajudar a superar momentos difíceis.
Esse blog é seu também, portanto se sinta livre para seguir as dicas que gostar, descartar o que não julgar procedente, fazer comentários, compartilhar com quem quiser e me ajudar na tarefa diária de construí-lo.
como vc escreve bem!
ResponderExcluirObrigada, querida!
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